Fiscalização integrada flagra reincidência de crimes ambientais e reforça combate à devastação da vegetação nativa nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri
Uma grande força-tarefa formada por policiais militares de Meio Ambiente, técnicos do Ibama e agentes do Ministério Público percorreu regiões do Alto Rio Pardo e dos vales do Jequitinhonha e Mucuri, no norte e nordeste de Minas Gerais, para cumprir mais uma etapa da operação “Mata Atlântica em Pé 2025”. A ação, que está em sua 8ª edição nacional, tem como objetivo coibir o desmatamento ilegal e responsabilizar os autores de crimes ambientais.
Durante as diligências, realizadas em municípios como Ninheira, Águas Vermelhas, Pedra Azul, Almenara e Jequitinhonha, diversas irregularidades foram constatadas. Em Ninheira, um dos alvos foi multado em mais de R$ 2 milhões por supressão ilegal de vegetação nativa. A operação, que começou no dia 15 de setembro e foi concluída nesta sexta-feira (26), resultou em mais de R$ 19 milhões em multas aplicadas somente nesta fase.
Segundo dados apresentados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), foram fiscalizados mais de 3,4 mil hectares de Mata Atlântica, com a apreensão de um trator e uma motosserra, além da recuperação de 23 mil metros cúbicos de lenha extraída de forma ilegal.
De acordo com o superintendente de Fiscalização Ambiental da Semad, Gustavo Endrigo de Sá Fonseca, um dos principais problemas detectados pela operação é a reincidência dos crimes ambientais.
“Mais do que a primeira fiscalização, autuação e suspensão de atividades, retornamos aos locais para verificar se as determinações foram cumpridas. Em grande parte dos casos, constatamos que não houve respeito às medidas impostas, com continuidade de práticas agrícolas e cultivo de pastagens em áreas embargadas”, explicou.
O coordenador regional dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, promotor Rauali Mascarenhas, destacou que a atuação na região foi intensificada ao longo do ano.
“A operação alcançou 25 municípios, com foco em Pedra Azul, Almenara, Ninheira e Jequitinhonha. Somente em Minas Gerais, foram identificados mais de 4 mil hectares com supressão ilegal de vegetação, o que resultou em multas que ultrapassam R$ 26 milhões”, afirmou.
Ao todo, as ações conjuntas do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ibama, Semad e outras entidades resultaram em quase R$ 30 milhões em penalidades aplicadas ao longo de 2025 somente na região dos Vales.
Contexto nacional
Em nível nacional, a operação “Mata Atlântica em Pé 2025” foi realizada em 17 estados brasileiros e segue apresentando resultados expressivos no combate ao desmatamento. O promotor Alexandre Gaio, do Ministério Público do Paraná (MPPR) e coordenador do projeto pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), alertou para a situação preocupante do bioma.
“A Mata Atlântica é um dos ecossistemas mais ameaçados do país e hoje resta apenas uma pequena parte em boas condições de conservação. Operações como esta são fundamentais para frear o avanço da destruição e garantir a proteção ambiental”, destacou.
Com a conclusão desta etapa, as autoridades reforçam que a fiscalização continuará de forma permanente, com foco na responsabilização dos infratores e na recuperação das áreas degradadas, em defesa de um dos biomas mais importantes do Brasil.





